sexta-feira, março 30, 2007

KK: Capítulo XII

Capítulo XII

Os dois amigos corriam para o fundo da casa, fugindo de um inimigo desconhecido – ou melhor, de um grupo deles –, mas potencialmente poderoso. Já era tarde e as luzes da rua estavam acesas. A noite estava estrelada e fazia muito calor.

- Henri – dizia Kael, bastante confuso com a situação, enquanto escalava o muro –, o que é a Protenido?
- É a magia Proten concentrada. – disse Henri atrás, com uma expressão de quem havia esquecido algo importante, provavelmente em casa. – Te torna mais rápido, forte e diminui o consumo das outras magias. Meio que torna a pessoa invencível, sacou?
- Que bom pra nós!
Henri e Kael atravessavam a rua em direção à outra quadra, correndo. Nenhum dos dois sequer imaginava o que aquilo significava, mas uma coisa era certa: seus perseguidores estavam bastante preparados. Já haviam atravessado três quadras, quando Henri, ofegante, disse:
- Não vamos conseguir, cara. São muitos. Continue correndo, eu volto e tento descobrir o que está havendo.
- Está louco? Vamos indo e deixe de bobagem. O que tiver que acontecer acontecerá a nós dois.
Henri o observou, preocupado. Os dois corriam, mas a impressão era de que até aquele momento, nem sequer tinham sido seguidos. Até aquele momento. Em seguida, como um borrado acinzentado, vinham pela calçada três figuras encapuzadas, e quando se viraram para tentar correr, havia mais um a poucos metros deles. E logo estavam cercados.

- Não há o que temer. – dizia a figura que se encontrava mais próxima. Era possível ver seu rosto, tratava-se de um homem de feições rígidas, porém jovem. Dirigia-se à Kael. – Tudo será explicado, mas você deve vir conosco.
- E qual o motivo do Protenido? – interveio Henri.
- O Protenido não é para vocês. – disse enquanto fazia um sinal para outro companheiro. – Perdoe-me Henri, mas não podemos deixar que você interfira. Doze e Treze, segurem-no. Kael, venha.
Como uma rajada de vento, dois deles alcançaram Henri e o encostaram no muro, um em cada braço. Kael nem sequer tinha sua espada e o Recol nada poderia ajudá-lo naquele momento.
- Não! Larga ele! – disse enquanto corria na direção de Henri, que o reprovara com o olhar. – Eu não me importo com essa história de ritual, só quero viver em paz!
- Vai ter que se importar a partir de hoje – disse e novamente fez sinal para os outros. – Larguem o outro e vamos.
Mais um borrão e agora era Kael que estava imobilizado. Eles se afastaram rapidamente, enquanto Henri se levantava. Ele tentou em vão alcançá-los.

- KAEL! – gritou Henri com ódio, como nunca Kael havia ouvido. Então sua expressão mudou, um sorriso surgiu em seu rosto. – Hum, não será dessa vez.
Ele fechou os olhos, abriu os braços e a pronunciou:
- Xara!
Então uma onda de partículas esbranquiçadas formou-se em seu peito e foi se expandindo, como uma explosão. A magia Xara se espalhava criando fendas no ar e atingiu o grupo, incluindo Kael, que sentiu seu pulso arder. O homem que o levava perdeu a velocidade e surpreendido, olhou para trás.
- Eles nos encontraram? – perguntou a um companheiro que estava bem atrás, também sem a mesma velocidade de antes.
- Não, foi o Henri.
- O que? E como ele poderia... – parou de repente e se dirigiu a outra figura que estava mais próxima – Já sabe o que fazer.
Kael, seu estúpido! Corra! – Gritava Henri à distância enquanto se aproximava.

Kael, que estava imóvel até aquele momento, recuperou a atenção e golpeou o estômago de Treze com o cotovelo. Conseguindo soltar-se, começou a correr. Alguns metros atrás, o número Dezoito bloqueou o caminho de Henri, levantou os braços e pronunciou:
- Quepta!

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