jogando: ► Mario Kart Wii (Nintendo)
A gente passa por coisas inacreditáveis, atinge situações inimaginaveis e ainda assim se acostuma com tudo. O que sobra é a saudade, o arrependimento, a nostalgia ou o sentimento. Por que as coisas não são mais fáceis, mais simples? Mas será que a gente realmente não prefere as coisas assim? Tem gente que só aprende batendo a cabeça, uma, duas, dez vezes.
análise/livro: As Crônicas de Nárnia (C. S. Lewis) análise
Avaliação: ▲▲▲▲ (4/5)
Comentário: O Livro concentra as sete crônicas escritas por C. S. Lewis sobre Nárnia. Todas são muito bem escritas e lúdicas o suficiente para você relaxar enquanto lê, sem que pareça ser um livro infantil. Há também um paralelo entre as crônicas e passagens bíblicas que fica claro para o leitor. Recomendado.
análise/jogo: Super Mario Galaxy (Nintendo) - Nintendo Wii
Avaliação: ▲▲▲▲▲ (5/5)
Comentário: A mais nova aventura da série principal 3D do Mario iniciada com Super Mario 64 (diferente dos 2D "Super Mario Bros." em que a última versão é New Super Mario Bros. para Nintendo DS). Em muitos aspectos supera de longe o antecessor, Super Mario Sunshine, mas em outros é inferior, como o tema (espaço). As manipulações com gravidade e física e a volta de power-ups clássicos como a Flor de Fogo e Estrela bem como a introdução de novos como a Flor de Gelo e o Cogumelo Fantásma são os pontos altos do jogo. Nessa versão o enredo se tornou um pouco mais complexo e sentimental. Imperdível.
Hellness
quarta-feira, junho 18, 2008
Facilidade
terça-feira, junho 17, 2008
domingo, setembro 02, 2007
O Ideal e o Banal
ouvindo: ► Losing My Religion (R.E.M.)
Digamos que as coisas nem sempre acontecem do jeito que a gente quer, aliás isso é até óbvio. Mas quando acontecem, todo aquele valor idealizado que a gente atribuiu a elas anteriormente, se esvai. É como quando a gente de fato descobri que o tal do Papai Noel, realmente não existe. Talvez fosse melhor que a gente continuasse acreditando, ainda que ele nunca trouxesse presentes. Afinal era tão bom aquele clima fantasioso que o Natal trazia, como uma barreira de proteção à qualquer problema ou preocupação.
análise/livro: O Príncipe Feliz e Outros Contos (Oscar Wilde)
Comentário: É uma coleção de contos do Oscar Wilde (dispensa apresentações). São contos bastante imprevisíveis e peculiares, mas em geral muito bons. O destaque fica para "O Amigo Fiel", "Um Foguete Extraordinário" e "O Pescador e sua Alma". Recomendado.
Na próxima postagem eu trago um dos contos.
análise/jogo: Phoenix Wright: Ace Attorney (Capcom) - Nintendo DS
Avaliação: ▲▲▲▲ (4/5)
Comentário: Trata-se de um "simulador de advogado", mas se você for analisar, é como um daqueles jogos de Adventure que tinha aos montes no PC antigamente. É extremamente linear, mas a história é muito boa e os personagens carismáticos. Existe a fase de investigação em que são reunidas as evidências e a fase do julgamento em si, onde depoimentos são analisados em busca de contradições, evidencias apresentadas, testemunhas pressionadas, enfim. Recomendo.
segunda-feira, agosto 13, 2007
Emptiness
Segue um trecho bem bacana do livro "Primeiro o Amor, Depois o Desencanto" (Douglas Coupland):
"Quando você é jovem, você sempre sente que a vida ainda não começou -- que a 'vida' está sempre programada pra começar na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano, depois das férias -- quando quer que seja. Mas então, de repente, você está velho e a vida programada não chegou. Você se pega perguntando: "Bem, então o que era exatamente que estava me acontecendo -- aquele interlúdio -- aquela loucura embaralhada -- durante todo aquele tempo?"
20 anos hoje. Quem diria, até a pouco tempo estava com 16, o que houve?
Bem que eu queria voltar atrás em uma porção de coisas que fiz nos últimos tempos e finalmente tomar algumas atitudes que já deveria ter tomado. Enfim, aí está uma nova chance.
domingo, agosto 12, 2007
Livros
Já fiz minha lista de livros que quero ler e livros que possivelmente eu leia (assim que eu pesquisar sobre) durante os proximos meses. Assim que lê-los, colocarei uma análise aqui no hellness.
LEGENDA: ( ) Livros que pretendo ler / -?- Livros que possivelmente lerei
( ) A História Sem fim
( ) Até logo e obrigado pelos peixes - Douglas Adams
( ) Harry Potter e as Relíquias da Morte
( ) O Noivo da Princesa - William Golding
( ) O Tempo e o Vento - Érico Veríssimo
( ) O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini
( ) A Revolução dos Bichos - George Orwell
( ) A Sétima Torre
-?- Ben-Hur - Lewis Wallace
-?- A Arte da Gerra - Sun Tzu
-?- Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu
-?- O Ferreiro da Abadia
-?- O Nome da Rosa
-?- Olhai os Lírios dos Campos
-?- Tau Zero
-?- Lolita - Vladimir Nobokov
-?- Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago
-?- Metamorfose - Kafka
-?- Os sofrimentos do jovem wether
Aceito sugestões :)
sábado, agosto 11, 2007
O Amigo Dedicado
Recomendo muito este conto do Oscar Wilde. Esta tradução não foi a que eu li, mas é muito boa também. Faz as pessoas pensarem melhor em quem os rodeia, os já citados "amigos".
Certa manhã o velho Rato d'água pôs a cabeça fora do buraco. Tinha uns olhos redondos muito vivos e uns duros bigodes cinzentos, e sua cauda parecia um comprido elástico negro. Os patinhos estavam a nadar na lagoa, semelhantes a um bando de canários amarelos, e a sua mãe, toda branca com patas vermelhas, esforçava-se por ensinar-lhes a manter a cabeça dentro d'água.
- Vocês nunca poderão frequentar a boa sociedade, se não aprenderem a manter a cabeça dentro d'água - dizia-lhes. E de vez em quando mostrava-lhes como devia ser feito. Mas os patinhos não lhe prestavam atenção alguma. Eram tão jovens que não sabiam que vantagens existem nisso de frequentar a sociedade.
- Que criaturas desobedientes! - exclamou o velho Rato d'água. - Mereciam realmente afogar-se.
- Nada disso - replicou a Pata -, todos têm de ter aprendizagem e nunca é demais a paciência dos pais.
- Ah! Não tenho a menor ideia a respeito dos sentimentos paternos - disse o Rato d'água. - Não sou pai de família. Na verdade, nunca me casei e nunca pensei em fazê-lo. Indubitavelmente, o amor é uma boa coisa, à sua maneira, mas a amizade vale mais. Asseguro-lhe que não conheço no mundo nada mais nobre ou mais raro do que uma amizade dedicada.
- E diga-me, rogo-lhe: que ideia forma o senhor dos deveres de um amigo dedicado? - perguntou um Pintarroxo verde que tinha escutado a conversa, pousado num salgueiro retorcido.
- Sim, é isto precisamente o que eu desejaria saber - disse a Pata. E nadou para o extremo da lagoa, de cabeça erguida, a fim de dar um bom exemplo ao seus filhos.
- Pergunta tola! - gritou o Rato d'água. - Como é natural, entendo por amigo dedicado aquele que a mim se dedica.
- E que fará o senhor para retribuir-lhe? - perguntou o passarinho, balançando-se num ramo prateado e agitando as suas asinhas.
- Não o compreendo - respondeu o Rato d'água.
- Permita-me que lhe conte uma história a respeito deste assunto - disse o Pintarroxo.
- Refere-se a mim essa história? - falou o Rato d'água. - Se assim for, eu a escutarei, pois sou doido por ficção.
- É aplicável ao senhor - respondeu o Pintarroxo, que abriu as asas e desceu, pousando na beira do tanque, e contou a história do Amigo Dedicado.
- Era uma vez - disse o Pintarroxo -, um honrado rapaz chamado Hans.
- Era um homem verdadeiramente distinto? - perguntou o Rato d'água.
- Não - respondeu o Pintarroxo -, não creio que fosse absolutamente distinto, exceto pelo seu bom coração e pela sua cara redonda, morena e afável. Morava numa pobre casinha de campo, sozinho, e todos os dias trabalhava no seu jardim. Em toda a região não havia jardim tão bonito como o dele. Cresciam nele cravinas, goivos, bolsas-de-pastor, saxifragas. Havia rosas de Damasco e rosas amarelas, açafrões cor de lilás e cor de ouro, violetas roxas e brancas. E, segundo os meses e por sua ordem, floresciam rosas silvestres e cardaminas, manjeronas e manjericões silvestres, a primavera e o íris, o narciso e o cravo vermelho. Uma flor substituía a outra, de modo que havia sempre ali coisas bonitas para ver e odores agradáveis para aspirar.
«O pequeno Hans tinha muitos amigos, porém o mais dedicado de todos era o corpulento Hugo, o Moleiro. Na verdade, tão dedicado era o rico Moleiro ao pequeno Hans que nunca andava pelo jardim dele sem inclinar-se sobre os canteiros e colher um grande ramalhete ou um punhado de ervas-doces, ou encher os bolsos com ameixas e cerejas, quando era tempo de frutas.
«Os amigos verdadeiros repartem tudo entre si - costumava dizer o Moleiro e o pequeno Hans balançava a cabeça e sorria, sentindo-se muito orgulhoso por ter um amigo com tão nobres ideias.
«Algumas vezes, na realidade, achavam os vizinhos estranho que o rico Moleiro nunca desse nada em retribuição ao pequeno Hans, embora possuísse centenas de sacos de farinha armazenados no seu moinho, seis vacas leiteiras e um grande rebanho de carneiros com muita lã. Mas Hans nunca se preocupava com essas coisas e nada lhe dava maior prazer do que escutar todas as coisas maravilhosas que o Moleiro costumava dizer a respeito da solidariedade dos verdadeiros amigos.
«De modo que cultivava o pequeno Hans o seu jardim. Na primavera, no verão e no outono sentia-se muito feliz, mas quando chegava o inverno e não tinha nem frutos nem flores que levar ao mercado, padecia de muito frio e muita fome e muitas vezes tinha de ir para a cama sem qualquer refeição, a não ser umas pêras secas ou algumas nozes duras. Também no inverno, ficava extremamente solitário, uma vez que o Moleiro nunca ia vê-lo então.
«- Não está bem que eu vá ver o pequeno Hans, enquanto duram as neves - costumava o Moleiro dizer à sua mulher -, pois quando as pessoas se acham em apuros, devem ser deixadas sozinhas e não serem incomodadas com visitas. Esta é, pelo menos, a minha opinião a respeito da amizade e estou certo de que é uma opinião bem acertada. Por isso esperarei que a primavera chegue e então irei visitá-lo, podendo ele dar-me um grande cesto de primaveras, coisa que bastante o alegrará.
«- És realmente bastante solicito para com os outros respondia-lhe a mulher, sentada na sua cómoda cadeira de braços, junto a um bom fogo de pinheiro. - És realmente bastante solicito. É um verdadeiro prazer ouvir-te falar a respeito da amizade. Estou certa de que o próprio senhor Cura não poderia dizer coisas tão belas como tu, embora viva numa casa de três andares e use um anel de ouro no dedo mindinho.
«- Mas não poderíamos convidar o pequeno Hans a vir aqui? - perguntava o filho mais novo do Moleiro. - Se o pobre Hans se acha em apuros, dar-lhe-ei a metade da minha sopa e mostrar-lhe-ei os meus coelhos brancos.
«- Que menino pateta és tu! - gritou o Moleiro. - Na verdade não sei para que serve mandar-te à escola. Parece que não aprendes nada. Ora, se o pequeno Hans viesse aqui e visse o nosso ardente fogo, a nossa boa ceia e a nossa grande barrica de vinho tinto, poderia sentir inveja e a inveja é um coisa terrível que deita a perder os melhores carácteres. Não permitirei, certamente, que o caráter de Hans venha a ser prejudicado. Sou o seu melhor amigo e velarei sempre por ele e terei todo o cuidado em não expô-lo a nenhuma tentação. Além disso, se Hans viesse aqui poderia pedir-me que lhe desse, fiado, um pouco de farinha e isto eu não poderia fazer. A farinha é uma coisa e a amizade é outra e não devem ser confundidas. Ora, estas duas palavras escrevem-se de maneira diferente e significam coisas completamente diferentes. Toda gente pode ver isto.
«- Como falas bem! - disse a Mulher do Moleiro, servindo-lhe um copo de cerveja quente. Sinto-me até como que adormecida. O mesmo que se estivesse na igreja.
«- Muita gente age bem - replicou o Moleiro -, muito poucos, porém, sabem falar bem, o que mostra que falar é das duas coisas a mais difícil, bem como a mais bela das duas. - E olhou severamente por cima da mesa para o seu filho que se sentiu tão envergonhado, que baixou a cabeça, ficou totalmente vermelho e começou a chorar dentro do seu chá. Contudo, era tão jovem que não se podia deixar de desculpá-lo».
- É este o fim da história? - perguntou o Rato d'água.
- Decerto que não, respondeu o Pintarroxo. - Isto é o começo.
- Então você está muito atrasado em relação à sua época - replicou o Rato d'água. - Hoje em dia, todo bom contador de histórias começa pelo fim, depois passa para o começo e conclui com o meio. Este é o novo método. Ouvi tudo isto, outro dia, de um crítico que estava passeando em redor da lagoa com um rapaz. Tratava do assunto magistralmente e estou certo de que devia estar com razão, porque usava óculos azuis e tinha a cabeça calva. E quando o rapaz fazia alguma observação sempre respondia: «Patetice!» Mas rogo-lhe que prossiga com a sua história. Estou a gostar muito do Moleiro. Eu mesmo possuo toda espécie de belos sentimentos, de modo que existe entre nós uma grande simpatia.
- Bem - disse o Pintarroxo, saltitando, ora sobre uma, ora sobre outra das suas pernas -, assim que o inverno passou e as primaveras começaram a abrir as suas pálidas estrelas amarelas o Moleiro disse à sua mulher que iria visitar o pequeno Hans.
«- Ah! Que bom coração tens tu! - exclamou a Mulher. - Tu estás sempre a pensar nos outros. Não te esqueças de levar contigo o cesto grande para trazer as flores.
«Depois o Moleiro amarrou umas nas outras as aspas do moinho com uma forte corrente de ferro e desceu a colina com o cesto no braço.
«- Bom dia, pequeno Hans - disse o Moleiro.
«- Bom dia - disse Hans, apoiando-se na sua enxada e sorrindo largamente.
«- Como passaste o inverno? - perguntou o Moleiro.
«- Bem, na verdade - exclamou Hans. - É muita bondade da sua parte perguntar-me isso, muita bondade mesmo. Receio ter passado uns maus bocados, mas agora a primavera chegou e sinto-me completamente feliz... além disto as minhas flores estão indo bem.
«- Falamos frequentes vezes de ti, durante o inverno, Hans - disse o Moleiro -, imaginando como estarias a passar.
«- Foi bondade do senhor - disse Hans. - Estava quase com medo de que o senhor me tivesse esquecido.
«- Hans, surpreende-me ouvi-lo falar desse modo - disse o Moleiro. - A amizade nunca esquece. Esta é a coisa maravilhosa que nela existe, mas receio que não compreendas a poesia da vida... A propósito, como estão bonitas as tuas primaveras!
«- Sim, estão verdadeiramente muito bonitas - disse Hans - e é para mim uma grande sorte ter tantas. Vou levá-las ao mercado e vendê-las à filha do Burgomestre e com este dinheiro comprarei outra vez o meu carrinho de mão.
«- Comprar outra vez o teu carrinho de mão? Queres dizer então que o vendeste? Mas que coisa estúpida fizeste!
«- Bem, o facto é que fui obrigado a fazê-lo - disse Hans. - Como o senhor sabe, o inverno é uma estação muito má para mim e, na realidade, não tinha dinheiro algum para comprar pão, de modo que vendi primeiro os botões de prata da minha roupa domingueira, depois vendi a minha corrente de prata, em seguida vendi a minha grande flauta, e por fim vendi o meu carrinho de mão. Mas vou comprar tudo de novo agora.
«- Hans - disse o Moleiro -, dar-te-ei o meu carrinho de mão. Não está em muito bom estado. Na verdade, um dos lados está a faltar e estão um tanto torcidos os raios da roda, mas a despeito disso, dar-te-ei o carro. Sei que é uma grande generosidade de minha parte e muita gente pensará que foi uma loucura extrema da minha parte desfazer-me dele, mas não sou como o resto do mundo. Creio que a generosidade é a essência da amizade e, além disso, eu mesmo comprei um novo carrinho de mão. Sim, podes estar tranquilo, dar-te-ei o meu carrinho de mão.
«- Bem, na verdade, é muita generosidade da sua parte - disse o pequeno Hans, e a sua redonda e engraçada carinha brilhou toda de prazer. - Poderei facilmente consertá-lo, pois tenho um pedaço de tábua na minha casa.
«- Um pedaço de tábua! - exclamou o Moleiro. - Muito bem! É disso precisamente que preciso para o telhado do meu paiol. Está com uma grande brecha e se não o tapar, todo o trigo ficará molhado. Que felicidade teres mencionado essa tábua! É realmente de notar como uma boa ação engendra sempre outra. Dei-te o meu carrinho de mão e agora tu vais dar-me a tua tábua. É claro que o carrinho de mão vale muito mais do que a tábua: mas a verdadeira amizade nunca repara coisas como essas. Dá-me logo a tábua e hoje mesmo porei mãos à obra para consertar o meu paiol.
«- Sem dúvida - gritou o pequeno Hans, que foi a correr para o telheiro donde trouxe a tábua.
«- Não é uma tábua muito grande - disse o Moleiro, examinando-a -, e receio que, uma vez feito o conserto do telhado do paiol, não sobre madeira suficiente para o conserto do carrinho, mas, é claro, isso não é minha culpa... E agora, uma vez que te dei o meu carrinho de mão estou certo de que haverás de querer dar-me algumas flores em troca. Aqui tens o cesto: procura enchê-lo completamente.
«- Completamente? - exclamou o pequeno Hans, bastante aflito, porque o cesto era mesmo muito grande e sabia que, se o enchesse, não lhe sobrariam flores para o mercado e estava bastante ansioso por poder resgatar os seus botões de prata.
«- Bem, na verdade - respondeu o Moleiro -, uma vez que te dou o meu carrinho de mão, não penso que seja demasiado pedir-te algumas flores. Posso estar equivocado, mas deveria ter pensado que a amizade, a verdadeira amizade, estivesse completamente isenta de egoísmo de qualquer espécie.
«- Meu querido amigo, meu melhor amigo - exclamou o pequeno Hans -, todas as flores do meu jardim estão à sua disposição, porque me importa muito mais a sua estima do que os meus botões de prata.
«- E correu a colher as lindas primaveras e a encher com elas o cesto do Moleiro.
«- Adeus, pequeno Hans - disse o Moleiro, subindo de novo a colina com a tábua ao ombro e o seu grande cesto na mão.
«- Adeus - disse o pequeno Hans, que se pôs a cavar alegremente, Pois estava contentíssimo por ter um carrinho de mão.
«- Na manhã seguinte, quando estava pregando umas madressilvas no seu alpendre, ouviu a voz do Moleiro que o chamava da estrada, pulou da escada e desceu a correr o jardim, indo espiar por cima do muro.
«Ali estava o Moleiro com um grande saco de farinha nas costas.
«- Querido Hans - disse o Moleiro - quererias levar-me este saco de farinha até ao mercado?
«- Oh! Sinto muito! - disse Hans -, mas na verdade estou muito ocupado hoje. - Tenho que pregar todas as minhas trepadeiras, tenho de regar todas as minhas flores e cortar toda a relva.
«- Bem, na verdade - disse o Moleiro -, penso que, levando em conta que vou dar-te o meu carinho de mão, é pouco amistoso da tua parte essa recusa.
«- Oh! Não diga isso - exclamou o pequeno Hans. - Por coisa alguma do mundo haveria eu de esquecer-me da minha amizade pelo senhor.
«- E correu a buscar o seu chapéu e partiu com o grande saco nos ombros.
«Era um dia muito quente e a estrada estava terrivelmente empoeirada, e antes de ter Hans alcançado o marco que indicava a sexta milha, achava-se tão cansado, que teve de sentar-se para descansar. Não obstante, continuou corajosamente o seu caminho, chegando por fim ao mercado. Depois de ter esperado ali algum tempo, vendeu o saco de farinha por muito bom preço e regressou à sua casa imediatamente, porque temia encontrar algum salteador no caminho, se se atrasasse muito.
«- Foi na verdade um dia duro! - disse Hans a si mesmo, ao ir deitar-se -, mas alegra-me muito por não ter recusado um favor ao Moleiro, que é o meu melhor amigo, e além disso vai dar-me o seu carrinho de mão.
«Bem cedo na manhã seguinte, apareceu o Moleiro para buscar o dinheiro da venda do seu saco de farinha, mas o pequeno Hans estava tão cansado que ainda não se havia levantado da cama.
«- Palavra de honra - disse o Moleiro -, és muito preguiçoso. Na verdade, quando penso que vou dar-te o meu carrinho de mão, acho que podias trabalhar com mais ardor. A preguiça é um grande pecado e eu certamente não gostaria de que algum dos meus amigos fosse preguiçoso e apático. Não te zangues, se te estou a falar completamente sem rodeio. É claro que não te falaria assim, se não fosse teu amigo. Mas de que servirá a amizade, se não se pudesse dizer claramente o que se pensa? Toda a gente pode dizer coisas encantadoras e tentar agradar e lisonjear; mas um amigo sincero diz sempre coisas desagradáveis e não receia causar pesar. Pelo contrário, se é um amigo verdadeiro, prefere isso, porque sabe que assim está fazendo o bem.
«- Sinto muito - respondeu o pequeno Hans, esfregando os olhos e tirando o barrete de dormir -, mas eu estava tão cansado que pensei que poderia ficar na cama um pouco mais e ouvir os pássaros a cantarem. Sabe o senhor que sempre trabalho melhor depois de ouvir os pássaros cantarem?
«- Bem, tanto melhor - disse o Moleiro, dando uma palmadinha nas costas de Hans -, pois necessito de que venhas ao moinho, assim que te tiveres vestido, para consertar-me o telhado do paiol.
«O pequeno Hans tinha grande necessidade de ir trabalhar no seu jardim, porque havia dois dias que não regava as suas flores, mas não quis dizer não ao Moleiro, que tão bom amigo era para ele.
«- Pensa que seria pouco amistoso da minha parte, se dissesse que tenho muito que fazer? - perguntou ele com voz humilde e tímida.
«- Bem, realmente - respondeu o Moleiro -, não creio que seja demais pedir-te isso, levando em conta que vou dar-te o meu carrinho de mão; mas, sem dúvida, se recusares, eu mesmo irei fazer o trabalho.
«Oh! De modo algum! - exclamou o pequeno Hans, que saltou da sua casa, vestiu-se e correu para o paiol.
«- Trabalhou ali o dia inteiro, até o pôr do sol e, ao crepúsculo, o Moleiro apareceu para ver até que ponto tinha ele chegado.
«- Já tapaste o buraco do telhado, pequeno Hans? - gritou o Moleiro, em tom alegre.
«- Está completamente tapado - respondeu o pequeno Hans, descendo da escada.
«- Ah! - exclamou o Moleiro. - Não há trabalho mais delicioso do que o que se faz para outro.
«- É certamente um grande privilégio ouvir o senhor falar - disse o pequeno Hans, sentando-se e enxugando a testa -, um grande privilégio mesmo. Creio que jamais terei tão belas idéias como tem o senhor.
«- Oh! Haverás de tê-las - disse o Moleiro -, mas deves esforçar-te mais. Por ora tens apenas a prática da amizade. Algum dia possuirás a teoria também.
«- Acha realmente que eu terei? - perguntou o pequeno Hans.
«- Não tenho dúvida alguma - respondeu o Moleiro -, mas agora que consertaste o telhado, farias melhor indo para casa descansar, pois quero que leves os meus carneiros para pastar na montanha amanhã.
«O pobre Hans não se atreveu a protestar e no dia seguinte, ao amanhecer, o Moleiro conduziu os seus carneiros até perto da casinha de Hans que partiu com eles para a montanha. Entre ir e voltar passou-se o dia, e, quando regressou, estava tão cansado que adormeceu na sua cadeira e só veio a acordar bem entrada a manhã.
«- Que delicioso tempo para trabalhar no meu jardim! - disse ele, pondo-se a trabalhar imediatamente.
«Mas seja como for, não teve tempo de dar uma olhadela às suas flores, pois o seu amigo Moleiro sempre aparecia a mandá-lo fazer recados bem longe ou a pedir-lhe que o ajudasse no moinho. Algumas vezes, o pequeno Hans ficava muito angustiado, receando que as suas flores pensassem que ele as havia esquecido, mas consolava-se ao reflectir que o Moleiro era o seu melhor amigo. «Além disso», costumava dizer, «ele vai dar-me o seu carrinho de mão e isto é um acto de pura generosidade».
«E o pequeno Hans trabalhava para o Moleiro e este dizia coisas muito bonitas a respeito da amizade, coisas que Hans copiava para o seu livro de notas e que costumava reler à noite, pois era um grande estudioso.
«Pois bem: aconteceu que uma noite, estando o pequeno Hans sentado junto ao fogo, ouviu fortes batidas à sua porta. Era uma noite muito tempestuosa, o vento soprava e rugia em torno da casa tão terrivelmente que a princípio pensou ele que fosse aquele rumor apenas o da tempestade. Mas soou uma segunda pancada e depois uma terceira, mais alto do que as outras.
«- Deve ser algum pobre viajante - disse o pequeno Hans para si mesmo, e correu para a porta.
«O Moleiro estava no umbral, com uma lanterna numa mão e um grande bastão na outra.
«- Querido Hans - gritou o Moleiro -, encontro-me em grande complicação. O meu menino caiu de uma escada, aleijando-se e eu vou em busca do médico. Mas ele mora tão distante e está uma noite tão má, que acaba de ocorrer-me que seria melhor que fosses em meu lugar. Sabes que vou dar-te o meu carrinho de mão, por isso estaria muito bem que fizesses alguma coisa por mim em retribuição.
«- Decerto! - exclamou o pequeno Hans. - Alegra-me muito que me tenha vindo procurar e partirei imediatamente. Mas o senhor devia emprestar-me a sua lanterna, uma vez que a noite está tão escura que receio que possa vir a cair no fosso.
«- Sinto muitíssimo - respondeu o Moleiro -, mas é a minha lanterna nova e seria uma grande perda, se lhe acontecesse alguma coisa.
«- Bem, não falemos mais nisso, irei mesmo sem ela -, exclamou o pequeno Hans, vestindo o seu grande casaco de pele, pondo na cabeça o seu barrete vermelho, amarrando em torno do pescoço uma manta, e saindo imediatamente.
«Que terrível tempestade estava desencadeada; A noite era tão negra que o pequeno Hans mal podia ver e o vento tão forte que ele dificilmente conseguia andar. Contudo, era muito corajoso e, depois de ter caminhado cerca de três horas, chegou à casa do doutor e bateu-lhe à porta.
«- Quem é? - gritou o doutor, pondo a cabeça à janela do seu quarto.
«- É o pequeno Hans, doutor!
«- E que desejas a estas horas, meu pequeno Hans?
«- O filho do Moleiro caiu de uma escada e aleijou-se, e o Moleiro quer que o senhor vá lá imediatamente.
«- Muito bem! - disse o doutor. Mandou selar o seu cavalo, calçou as suas grandes botas, pegou na sua lanterna, desceu a escada e seguiu na direção da casa do Moleiro, enquanto o pequeno Hans marchava atrás dele.
«Mas a tempestade tornou-se cada vez pior, a chuva caía em torrentes e o pequeno Hans não podia nem ver por onde ia, nem acompanhar o cavalo. Afinal, perdeu-se, e esteve a vagar pela charneca, que era um lugar muito perigoso, cheia como estava de profundos buracos, e o pequeno Hans caiu num deles e afogou-se. Na manhã seguinte, uns pastores encontraram o seu corpo boiando numa grande poça d'água e levaram-no para a sua casinha.
«Toda a gente assistiu ao enterro do pequeno Hans, porque ele era muito popular e foi o Moleiro quem tomou a dianteira do funeral.
«- Como fui o seu melhor amigo - disse o Moleiro -, não é nada de mais que eu tome o melhor lugar.
«De modo que pôs-se à frente do cortejo com uma longa capa preta e, de vez em quando, enxugava os olhos com um grande lenço de bolso.
«- O pequeno Hans representa, certamente, uma grande perda para todos nós - disse o Ferreiro, terminado o funeral, e quando estavam todos sentados confortávelmente na estalagem, bebendo vinho temperado e comendo bolos doces.
«- Foi uma grande perda, sobretudo para mim - replicou o Moleiro. - Posso afirmar que fui bastante bom, comprometendo-me em dar-lhe o meu carrinho de mão e agora não sei realmente o que fazer com ele. Atravanca a minha casa e está em tão más condições que se o vendesse, não lucraria nada. Asseguro a vocês que daqui por diante não darei nada a ninguém. A gente paga sempre por ser generoso.»
- E então? - perguntou o Rato d'água, depois de uma longa pausa.
- Bem, este é o fim - disse o Pintarroxo.
- Mas o que aconteceu ao Moleiro? - perguntou o Rato d'água.
- Oh! Realmente não sei - replicou o Pintarroxo -, e, para falar a verdade, não me interessa.
- É bastante evidente que você não possui o dom da simpatia no seu caráter - disse o Rato d'água.
- O que receio é que o senhor não tenha compreendido a moral da história - observou o Pintarroxo.
- O quê? - gritou o Rato d'água.
- A moral.
- Quer você dizer que a história tem uma moral?
- Decerto - afirmou o Pintarroxo.
- Bem, na verdade - disse o Rato d'água, de um modo bastante colérico -, acho que você deveria ter-me dito isso antes de começar. Se o tivesse feito, eu certamente não o teria escutado; de fato, deveria ter dito «Patetice!», como o crítico. Contudo posso dizê-lo agora.
E gritou: «Patetice!». No mais alto tom e, dando uma rabanada com a cauda, correu para o seu buraco.
- Que lhe parece o Rato d'água? - perguntou a Pata, que chegou nadando alguns minutos depois. - Possui muito boas qualidades, porém eu, pela minha parte, tenho sentimentos de mãe e não posso ver um solteirão chapado, sem que me subam as lágrimas aos olhos.
- Receio tê-lo aborrecido - replicou o Pintarroxo. - O fato é que lhe contei uma história com uma moral.
- Ah! Isso é sempre uma coisa muito perigosa de fazer-se - disse a Pata.
E eu concordo inteiramente com ela.
sexta-feira, junho 01, 2007
sábado, maio 05, 2007
KK: Capítulo XV
– Han, o Kael já voltou. – disse Ana após bater na porta e entrar no quarto de Han.
– Hum, já era hora. Obrigado Ana, peça para o Holden trazê-lo até aqui.
– Está bem – disse ela e em seguida saiu apressada procurando Holden.
– Eu? Sabia que ia acabar sobrando pra mim. – disse Holden quando soube.
– Cara, relaxa – disse Kael, que ainda estranhava o comportamento de Holden.
– Você não está muito tranqüilo pra quem acabou de chegar arrastado?
– E o que eu posso fazer? – respondeu Kael, rindo.
Holden o observou pelo canto dos olhos e murmurou alguma coisa para si mesmo. Em seguida disse:
– Se é pra ir, então vamos logo.
– Demorou.
Assim que Kael saiu do quarto, notou que o local se tratava de um acampamento cercado por árvores e muito mato. Algumas pessoas se encontravam sentadas no chão conversando descontraidamente, outras quando o viam ficavam sérias. Holden sempre agia como se nada dissesse respeito a ele e observava tudo com certa reprovação.
Assim que entraram no quarto de Han, este se levantou e cumprimentou-os animadamente e então disse:
– Em primeiro lugar, desculpe pelo modo como te buscaram, Kael. Não era pra ser assim. Mesmo. Agora por favor...Holden, onde vai?
– Já trouxe o Kael. Estou saindo, oras.
– Eu não disse pra você sair. Sente-se aqui. Kael, você também.
Holden deu meia-volta e com uma expressão de indignação sentou-se. No entanto, quando percebeu que Han o observava, ficou envergonhado e sorriu.
– Bom, há um bom motivo para precisarmos de vocês aqui. Conhecem o ritual de Karbon?
Os dois acenaram positivamente com a cabeça.
– Ano passado, quando foi realizado o ritual, Karbon se manifestou como a muito não se manifestava: em sua forma de fênix. Da última vez que isto aconteceu, Khadoma estava vivo. E quando acontece, só tem um significado: ele vai voltar. No entanto, para que ele volte, um representante de cada signo – Proten (Sagitário), Recol (Câncer), Veincle (Áries), Stabilish (Touro), Mistra (Virgem), Signa (Gêmeos), Balus (Capricórnio), Bloar (Escorpião), Zodish (Leão), Voster (Libra), Quepta (Aquário) e Xara (Peixes) – deve ser encontrado e a união de todos eles resultará na magia Acsa, que representa o décimo terceiro signo, o signo divino do sol, único que pode invocar Karbon. No entanto, só há um Eleito em cada face solar, mas não conseguimos descobrir todos os eleitos no ritual deste ano, pois parece que alguém do Ímperio não deseja um poder como Karbon em nossa mão, então impediram a realização do ritual. Se não fosse Alexel, único de nós que consegue usar a magia de conversão Signa, não teríamos nem os seus nomes.
– Nossos nomes? – repetiu Holden.
– Sim Holden, você é o Eleito da Khalong de Capricórnio e Kael é o Eleito da Khalong de Leão. Mas ainda faltam dez eleitos. Precisamos de vocês, porque são os únicos que podem usar a Trindade Solar.
– E o que é isso? – perguntou Kael.
– São três relíquias divinas. O Pulso Solar, a Visão Solar e a Coroa Solar. Só que tem outro problema: são necessários três eleitos para invocar a Trindade.
– E como encontraremos outro eleito sem a trindade? – disse Holden, um tanto entusiasmado.
– Voster. Nós descobrimos que há outra forma de acessar Khalong de Libra e é este caminho que vamos seguir para encontrar nosso terceiro eleito.
– Mas afinal de contas, pra que esse tal de Karbon quer voltar? E se era pra voltar, porque ele foi? – disse Holden com as sobrancelhas erguidas e os braços cruzados.
– Karbon só permanece aqui enquanto a magia Acsa durar, depois disso ele retorna à Acsa Khalong até que sua volta seja novamente necessária. Mas não sabemos o motivo de ele querer voltar desta vez. Acreditamos que Acsa Khalong está contida no Sol e quando Karbon se torna uma fênix precisa sair de Acsa antes que dê inicio à lendária Grande Explosão também conhecida como Supernova, que dizimou a tribo solar nos primordios. Então vocês realmente não podem se recusar a invocar Karbon.
– Eu aceito ajudar, mas antes quero ver minha família e meus amigos – disse Kael, decidido.
domingo, abril 29, 2007
KK: Capítulo XIV
– Finalmente acordou!
Kael abriu os olhos mas não reconhecia nada do que via. Era um quarto pequeno, com algumas camas e paredes lisas. Um jovem o olhava como um animal no zoológico.
– Onde eu estou? – disse lentamente.
– Sinceramente, eu não tenho muita paciência pra contar história. Nem estou aqui voluntariamente. Se quiser, espere algum outro chegar e se esbalde. – disse enquanto se virava e arrumava algo em sua cama.
– E quem é você? – disse Kael, com estranhamento.
– Holden. Me parece que seremos companheiros de quarto. Tudo o que eu precisava, mais gente ocupando espaço.
Kael ergueu as sobrancelhas, virou para o lado e levantou-se. Seus pensamentos estavam embaralhados e ele ainda se esforçava para formar uma linha de raciocínio. Se direcionava para a única saída do quarto, quando Holden disse:
– Espera um pouco. Vou chamar a Ana. Fique aqui! – e saiu resmungando. Poucos segundos depois, voltou com uma jovem que Kael achou muito bonita. Quando o viu, fez uma expressão animada, que ele não entendeu. Então ela se aproximou e falou com ele.
– Kael, já acordou!
– Desculpe, mas o que está acontecendo?
– Te trouxemos até aqui ontem à noite. Eu tive que usar a Voster em você porque estava muito agitado. Mas não se preocupe, está entre amigos. Mais tarde o nosso líder, Han, vai lhe falar e esclarecer tudo. – disse com sua típica voz suave, a qual Kael se lembrou ser a do Número Dezesseis. De repente se lembrou de Henri.
– Ei, onde está o Henri?
– Calma, ele está bem. Holden, o Alexel já foi falar com o Henri?
– Já.
– Então, Kael! Vai dar tudo certo. Por enquanto, você vai dormir aqui neste quarto, dividindo-o comigo e com o Holden. Eu sei que você está um pouco confuso, mas tudo será explicado. Me chamo Ana, muito prazer!
– Obrigado Ana.
– Cara! Você é de Osaforte, não é? Ouvi dizer que as praias lá são incríveis. Aqui a gente só vê essa porcaria de floresta pra tudo quanto é lado. Isso sem dizer que até hoje eu nunca vi uma praia. – disse Holden, como se tivesse lembrado de um detalhe importante.
– Nossa, as praias são lindas mesmo, Holden. Não sabe o que está perdendo.
– Sorte a sua.
– Kael, você está bem, não é? – perguntou Ana à Kael, que respondeu positivamente com a cabeça – Vou avisar o Han que está acordado.
Kael ainda não estava completamente consciente. Alguns pensamentos giravam em sua cabeça e era como se ele tivesse que agarrá-los pra manter uma conversa. Fora uma tendência a concordar com tudo o que lhe era falado.
– Cara, você é estranho. – disse Holden.
terça-feira, abril 24, 2007
Download: Khalong Kael Zodish
Download: http://sergioestrella.googlepages.com/KhalongKaelZodish.pdf
O eBook Khalong Kael, do Capítulo I ao XI corrigidos em PDF + extras.