domingo, abril 29, 2007

KK: Capítulo XIV

Capítulo XIV

– Finalmente acordou!
Kael abriu os olhos mas não reconhecia nada do que via. Era um quarto pequeno, com algumas camas e paredes lisas. Um jovem o olhava como um animal no zoológico.
– Onde eu estou? – disse lentamente.
– Sinceramente, eu não tenho muita paciência pra contar história. Nem estou aqui voluntariamente. Se quiser, espere algum outro chegar e se esbalde. – disse enquanto se virava e arrumava algo em sua cama.
– E quem é você? – disse Kael, com estranhamento.
– Holden. Me parece que seremos companheiros de quarto. Tudo o que eu precisava, mais gente ocupando espaço.
Kael ergueu as sobrancelhas, virou para o lado e levantou-se. Seus pensamentos estavam embaralhados e ele ainda se esforçava para formar uma linha de raciocínio. Se direcionava para a única saída do quarto, quando Holden disse:
– Espera um pouco. Vou chamar a Ana. Fique aqui! – e saiu resmungando. Poucos segundos depois, voltou com uma jovem que Kael achou muito bonita. Quando o viu, fez uma expressão animada, que ele não entendeu. Então ela se aproximou e falou com ele.
– Kael, já acordou!
– Desculpe, mas o que está acontecendo?
– Te trouxemos até aqui ontem à noite. Eu tive que usar a Voster em você porque estava muito agitado. Mas não se preocupe, está entre amigos. Mais tarde o nosso líder, Han, vai lhe falar e esclarecer tudo. – disse com sua típica voz suave, a qual Kael se lembrou ser a do Número Dezesseis. De repente se lembrou de Henri.
– Ei, onde está o Henri?
– Calma, ele está bem. Holden, o Alexel já foi falar com o Henri?
– Já.
– Então, Kael! Vai dar tudo certo. Por enquanto, você vai dormir aqui neste quarto, dividindo-o comigo e com o Holden. Eu sei que você está um pouco confuso, mas tudo será explicado. Me chamo Ana, muito prazer!
– Obrigado Ana.
– Cara! Você é de Osaforte, não é? Ouvi dizer que as praias lá são incríveis. Aqui a gente só vê essa porcaria de floresta pra tudo quanto é lado. Isso sem dizer que até hoje eu nunca vi uma praia. – disse Holden, como se tivesse lembrado de um detalhe importante.
– Nossa, as praias são lindas mesmo, Holden. Não sabe o que está perdendo.
– Sorte a sua.
– Kael, você está bem, não é? – perguntou Ana à Kael, que respondeu positivamente com a cabeça – Vou avisar o Han que está acordado.

Kael ainda não estava completamente consciente. Alguns pensamentos giravam em sua cabeça e era como se ele tivesse que agarrá-los pra manter uma conversa. Fora uma tendência a concordar com tudo o que lhe era falado.

– Cara, você é estranho. – disse Holden.

terça-feira, abril 24, 2007

Download: Khalong Kael Zodish


Download: http://sergioestrella.googlepages.com/KhalongKaelZodish.pdf

O eBook Khalong Kael, do Capítulo I ao XI corrigidos em PDF + extras.

terça-feira, abril 03, 2007

KK: Capítulo XIII

Capítulo XIII

Henri e o número Dezoito encontravam-se imóveis, frente a frente.
Toda magia possui um custo: paralisar o inimigo pode ser uma grande vantagem, mas Quepta também paralisa quem a invoca, ainda que por um período mais curto de tempo. Kael percebeu que seu amigo havia sido atingido, mas continuou correndo. Nada poderia fazer por ele.
- Dezesseis! – dizia o homem firmemente, olhando para o lado e apontando para Kael.
Este entendeu a ordem e instantaneamente pronunciou a magia Proten. Então, mesmo com a velocidade inferior à Protenido, alcançou um Kael ofegante e esgotado e o agarrou.
- É hora de ir, Kael. – disse uma voz feminina e calma, era o número Dezesseis – Descanse. – Em seguida colocou as mãos nas costas e pronunciou outra magia – Voster!

A visão de Kael perdeu o foco. Num momento ele via uma rua escura e em outro via o céu estrelado, a lua, a sua casa, então seus olhos se fecharam e ele caiu no chão.

Eu estava sentado na beira da praia, jogando algumas pedras no mar. A praia era extensa, terminando num amontoado de morros esverdiados cercados por rochas e palmeiras. A brisa era suave e havia algumas gaivotas sobre o mar. Fiquei algum tempo observando-as, enquanto as nuvens se moviam. Sentia-me feliz, sinceramente.
- Kael!
Eu me virei e sorri para ela. Estava mais linda do que nunca, com os cabelos soltos e os pés descalços na areia. Ela também sorria para mim e acenava. Eu não conseguia lhe dizer nada, era como se tivesse perdido a capacidade de falar. Porém, quando a olhei, ela entendeu. Veio até mim e sentou-se ao meu lado.
- Dia lindo.
Também parecia feliz. Queria abraça-la, mas meu corpo não me obedecia.
- Que bom que estamos aqui, juntos - ela disse, timidamente.
Eu a olhei outra vez e ela compreendeu o que eu sentia. Tentei perguntá-la onde estávamos com o olhar, mas dessa vez ela não entendeu. Então de uma hora para outra, sua expressão mudou e ela olhou para o mar.
- Por que você nos deixou? – perguntou, séria.
Eu não a compreendi, mas sua pergunta me afetou de algum modo, como uma lembrança perdida que voltara ao consciente. Senti uma pressão invadindo o meu peito. Então olhei para o mar e os vi. A principio vi Henri, de olhos fechados, pálido, imóvel. Me voltei para ela, que confirmou com a cabeça. Não pode ser, isso não. Uma lágrima escorreu dos meus olhos, mas ela estava lá para limpá-la com seus dedos macios. Olhei novamente para o mar e vi minha mãe, meu pai, Rágoas. A felicidade que eu sentia antes havia desaparecido e dado lugar a uma angústia terrível. Me deitei na areia e fechei os olhos. Minha mente havia se transformado num turbilhão de sentimentos. Abri os olhos em sua direção, mas ela já não estava mais lá. Mesmo assim senti o seu sorriso. O céu estava limpo e o sol brilhava como nunca.

Me levantei e com um sentimento de vingança, ia jogar outra pedra no mar, mas não era outra pedra. Era maior, brilhante, único. Era o Pulso Solar.